terça-feira, 3 de junho de 2008

Depois de 18 de Abril de 1975

Nesta fase, com a resolução da questão das instalações em andamento, era urgente dedicarmo-nos à organização. Em termos de secções a URCA tinha em funcionamento, desde a sua fundação, o GITU que era verdadeiramente a sua secção Cultural. O GITU – Grupo de Intervenção Teatral da URCA viria a ser o motor da grande actividade da URCA nos anos 70 e 80. É verdade que o GITU criou e desenvolveu um dos melhores grupos de teatro amador do Concelho e até da região.



"O Palheiro" de Miguel Barbosa, encenado e dirigido em 1979 por Gil Matias, grande amigo da URCA e que muito tem dado ao teatro amador em várias Colectividades e Associações do concelho de Sintra, foi um grande sucesso do grupo. Esteve em cena (itinerante) fazendo bastantes apresentações nas colectividades do Concelho e fora, depois de ter representado a URCA no festival de Teatro Amador de Sintra que, na época, a C. M. Sintra organizava.
É preciso dizer que toda esta actividade foi possível, porque conseguimos construir o pavilhão no local onde ainda hoje está. Havia meia parede em tijolo levantada do lado do parque infantil, e uma parte considerável da população da Abrunheira naquela época, com muitas ajudas de toda a espécie, tanto em trabalho como em materiais, pôs mãos à obra. Mesmo o que foi necessário comprar, a nível de construção civil, só o foi possível porque o Senhor António Coimbra das Neves, mais conhecido por "António da estância" de Albarraque, confiou nos Dirigentes da URCA e deu-lhes crédito. Confiou e fez bem, porque tudo lhe foi pago até ao último centavo.
A pré-inauguração do pavilhão (pré porque ainda não tinha portas nem janelas), foi a 18 de Abril de 1976, com um programa da casa envolvendo algumas dezenas de Abrunhenses que incluía actuação de um rancho folclórico infantil com muitas crianças da Abrunheira, criado de propósito para a ocasião. Também foi neste dia estreado o trabalho colectivo do grupo "Até à Libertação", bem como outros pequenos quadros de comédia "séria", porque tinha sempre a ver com o momento político. Foi uma grande festa e não erramos se afirmarmos, passados todos estes anos, ter sido uma, das ocasiões em que se viu mais gente junta num só local, na Abrunheira.
Na comemoração do primeiro aniversário do 18 de Abril, ou seja, em 1976, a URCA tinha o pavilhão em pé, tinha muita actividade cultural, teatro, uma pequena biblioteca, início de alfabetização para adultos, Rancho folclórico infantil e atletismo, organizava bailes com alguma frequência, reiniciou a realização das festas da Abrunheira, etc . No que respeita à criação do Centro Social é que as coisas não andaram ao mesmo ritmo.
Relativamente às negociações com o proprietário do terreno comandadas pela Câmara Municipal de Sintra e Comissão de Moradores, estavam bem encaminhadas e os Dirigentes da URCA estavam muito motivados para dar continuidade ao trabalho.